Irina Araújo, 35 anos, natural de Peniche, bicampeã distrital pelo CR Golpilheira, AF Leiria. Licenciada em Educação Física e pós-graduada em Necessidades Educativas Especiais. A atleta eleita pelo Diário de Leiria a melhor jogadora de 2012 de futsal, feito esse reconhecido pelo seu clube através de umas palavras de orgulho e de felicidade escritas no blogue da equipa: “É sem dúvida alguma um reconhecimento mais que merecido para esta atleta que tanto tem dado à modalidade, que tanto tem trabalhado, que tantos títulos tem conquistado e que é sem qualquer sombra de dúvida um exemplo para muitas jogadoras de futsal.” Para além de jogadora, Irina Araújo é também treinadora de futebol (nível I). Já treinou os escalões de juniores, juvenis, iniciados e benjamins mas atualmente treina o escalão de traquinas masculinos no GD Peniche. Na sua carreira é detentora de inúmeros títulos: Campeã Distrital AF Leiria na época 1998/99 e 1999/00 pelo Gaeirense, vencedora da Taça e Supertaça AF Algarve na época 2005/06 pela equipa Che Lagoense – Lagoa Algarve, Campeã Distrital da AF Leiria e Vice Campeã Nacional na época 2006/07 pela Golpilheira, Campeã Distrital e vencedora da Taça e Supertaça Distrital nas épocas de 2007/08, 2008/09 e 2009/10 também pela Golpilheira. Na época 2008/09, 2009/10, atingiu as meias-finais no Campeonato Nacional. Na época 2011/2012 foi campeã Distrital, Vencedora da Taça e Supertaça da Distrital da AF Leiria e alcançou ainda o 3º lugar na Taça Nacional.
Quem é a Irina?
Irina Araújo: Sou uma pessoa simples, amiga dos meus amigos, com qualidades e defeitos, amante do desporto em especial de futsal.
Desde quando pratica futsal?
Irina Araújo: Comecei a jogar futsal com 12 anos em torneios na zona onde vivo. A nível federado comecei na época de 1996/1997 pela Associação Cultural e Recreativa da Ribafria (Peniche).
Porquê a escolha desta modalidade?
Irina Araújo: Eu cresci num ambiente futebolístico, o meu pai jogou futebol de salão e a minha irmã também. Sempre que podia ia com eles aos treinos e aos jogos, o gosto pela modalidade nasceu naturalmente e foi crescendo até ao dia de hoje.
Como foi e como considera o seu percurso desportivo?
Irina Araújo: Comecei por jogar futebol de 11 no Grupo Desportivo de Peniche e só depois enveredei no futsal, onde representei a Associação Cultural e Recreativa da Ribafria, o Clube Escola de Futebol de Salão (Caldas da Rainha), a Sociedade Cultural e Recreativa Gaeirense (Óbidos), a Che Lagoense(Algarve) e Centro Recreativo da Golpilheira(Batalha). Até aos dias de hoje considero o meu percurso desportivo muito positivo, mas ainda me faltam realizar alguns objetivos que tracei.
O que representa o futsal para si e na vida?
Irina Araújo: Para mim o futsal é pura magia… é uma forma de estar na vida, como digo muitas vezes é o meu único e grande vício.
Atualmente está na equipa da CR Golpilheira, contudo já passou por outras equipas onde conquistou inúmeros títulos, tais como Gaierense e Che Lagoense – Lagoa Algarve. Qual destas equipas foi mais marcante no seu percurso e de que forma?
Irina Araújo: Todas as equipas por onde passei me marcaram de alguma forma e me ajudaram a crescer como pessoa e como jogadora, mas sem dúvida que o C.R. Golpilheira é a minha casa. Foi, e é este clube que me oferece todas as condições para que eu me possa sentir bem física e psicologicamente, pois só assim consigo dar o máximo dentro de campo para ajudar a minha equipa.
Esta época teve uma prestação admirável pelo CR Golpilheira. Teve o reconhecimento não só do seu clube, como também do Diário de Leiria. Como se sente com esta distinção?
Irina Araújo: Sinto-me feliz e lisonjeada, mas não muda em nada a minha forma de estar no futsal, a motivação em trabalhar é sempre grande. Apesar da idade, tento ser sempre melhor que a Irina de ontem e isso têm-me ajudado a manter-me no topo.
Como é ser jogadora da AF Leiria na equipa Bicampeã? Como encara e sente essa realidade?
Irina Araújo: É fantástico. Apesar de já ter sido tetracampeã por esta equipa! É chegar aofim de uma longa época com a felicidade de já termos concretizado um dos nossos objetivos. É sinal que todo o nosso esforço, da nossa treinadora e do clube foi recompensado com bons resultados. Este ano, com a entrada de novas jogadoras, tivemos que as ajudar e de lhes dar tempo para se adaptarem ao nosso tipo de jogo e à forma de trabalho da nossa equipa e da nossa treinadora. Muitas pessoas duvidaram das nossas capacidades mas os resultados falam por si, foi uma chapada sem mão para muitos, talvez por isso este campeonato tenha sido um pouco mais saboroso.
Fomos e somos muito unidas, coesas, dedicadas e fortes emocionalmente, mostramos que com trabalho e talento natural se conseguem atingir os objetivos a que nos propusemos.
O campeonato da AF Leiria cada vez mais tende a se definir por duas ou três equipas que se podem destacar. Como é sentir essa discrepância?
Irina Araújo: Não é muito motivador jogar num campeonato assim, mas penso que isso acontece de forma geral em todos os distritos. Obviamente que um campeonato mais equilibrado pressupõe mais trabalho, mais dedicação e isso leva a uma evolução das equipas e da nossa modalidade. Em Leiria os métodos de trabalho das equipas parecem ser distintos, bem como os objetivos, as condições e a motivação. Apesar de não ser fácil gerir os jogos sempre da mesma forma, sabemos que com maior ou menor dificuldade os resultados acabam por aparecer. Ainda assim, o nosso campeonato tem muito boas equipas e acredito que cada vez mais essa discrepância que ainda há, se vá dissipando.
Sente alguma evolução no futsal dos dias que correm?
Irina Araújo: O futsal tem vindo a evoluir e já assistimos a jogos de grande nível. Já vemos pavilhões compostos de pessoas a verem futsal feminino…e isso é bom. Prova disso e dessa evolução é a chegada do Campeonato Nacional da próxima época. Ao longo dos anos, as pequenas conquistas têm mudado de alguma forma a mentalidade das pessoas que associavam o futsal ao sexo masculino.
Ao longo do meu percurso desportivo já assisti a muita coisa. Desprezo mostrado por quem de direito ao futsal feminino, anos de trabalho/evolução perdidos por muitos talentos que ficaram pelo caminho por não haver alguém com audácia de assumir projetos e faze-los chegar a bom porto…etc.
Neste momento estamos num bom caminho e acredito que ainda vai melhorar muito.
Qual a sua expetativa em relação ao futsal? Quais as mudanças e melhorias que apontaria como chave de sucesso para um futsal melhor?
Irina Araújo: O nosso futsal precisa de pessoas capazes de lutar diariamente, fora e dentro de campo. Precisamos de dirigentes, treinadores e jogadoras com a ambição de evoluir, capazes de se comprometerem em trabalhar em prol dos seus objetivos e seguir linhas orientadoras comuns, independentemente das cores clubísticas. Ou se fazem as coisas bem… ou então não vale a pena. Há que apostar na formação e dar aos clubes recursos e apoios que permitam a sua viabilidade financeira.
Quais as expetativas para a Taça Nacional? Quais são as equipas candidatas ao título na sua opinião?
Irina Araújo: As expetativas são as melhores, aliás não podia ser de outra forma. Estar entre as melhores já é por si só, um orgulho, e como tal vamos tentar usufruir ao máximo dessa condição. Tentaremos jogo a jogo lutar pelos nossos objetivos e chegar o mais longe que conseguirmos. Candidatas ao título???… o C.R.Golpilheira , FC Vermoim, Sl Benfica, Quinta dos Lombos, Restauradores Avintenses. Acredito que vai ser um campeonato nacional bastante exigente e com jogos de grande qualidade, onde quem vai sair dignificado é o futsal feminino.
O que pensa do Campeonato Nacional?
Irina Araújo: A criação de um Campeonato Nacional pressupõe uma evolução e uma mudança no Futsal Feminino. A competitividade e a exigência vai ser maior, as equipas vão ter de trabalhar mais e melhor e isso vai traduzir-se numa época fantástica, com jogos de grande nível. Existem clubes que trabalham muito bem, que têm excelentes treinadores e dirigentes e isso será uma mais-valia para as equipas trabalharem com mais afinco. Já para não falar das jogadoras…quem não está motivado para este grande desafio??? Nesta prova estarão presentes as melhores equipas e jogadoras nacionais. Será sem dúvida uma das maiores festas do futsal feminino nacional .
Como encarará agora o Campeonato Nacional? Encontrará equipas de nível muito elevado. Haverá mais competitividade. Isso dá-lhe uma motivação extra?
Irina Araújo: Vou encara-lo com muita seriedade, responsabilidade emuita ambição, é um sonho que se torna realidade e por isso á que usufruir ao máximo de cada jogo. Tenho a sorte de fazer parte de um grupo muito ambicioso e que trabalha muito para atingir os seus objetivos e que tem a consciência de que cada jogo será uma final.
Como atleta considera-se preparada para esta competição?
Irina Araújo: Estou mais que preparada, ao longo de muitos anos foram criadas muitas expetativas sobre a chegada do Campeonato Nacional. É com muita alegria e vontade que eu, juntamente com as minhas colegas de equipa, treinadora, direção e apoiantes tentaremos fazer o melhor que conseguirmos para dignificar a camisola do C.R.G e o futsal do distrito de Leiria.
Os clubes portugueses estão preparados para o Campeonato Nacional?
Irina Araújo: Considero que a maioria dos clubes não estão preparados para o Campeonato Nacional, os clubes não têm capacidades financeiras para suportar os custos de uma época que se avizinha desgastante. Mas estou certa que tudo farão para que conseguirem levar os seus clubes a bom porto.
Que tipo de problemas os clubes e atletas poderão apresentar?
Irina Araújo: Julgo que a maior dificuldade dos clubes será financeira, os clubes devem transmitir aos atletas que a sua sustentabilidade não está posta em causa, se isso não acontecer os atletas podem ser afetados por um clima de instabilidade que pode condicionar o seu rendimento dentro de campo. Há que proteger as atletas .
Na época 2013/14 que sentença dita ao Campeonato Nacional? Alguma aposta segura?
Irina Araújo: Não há uma aposta segura…nem pode haver. As equipas são muito fortes e os jogos serão equilibrados…pelo menos é isso que se espera. Aqui se verá quem lida melhor com a pressão, quem é mais forte física e emocionalmente…entre outros fatores preponderantes no decorrer de uma época.
A Irina tem outra faceta, é treinadora. Sempre equacionou a hipótese de ser treinadora? Como surgiu essa paixão pelo ensino do futsal (Futebol de 5/ 11)?
Irina Araújo: As coisas foram acontecendo por acaso, comecei como adjunta de um ex treinador meu e depois acabei por tirar o curso e dedicar-me ao ensino até aos dias de hoje. É algo que faço com muito prazer e que me dá a hipótese de transmitir a todos quantos fazem parte das minhas equipas alguma da minha experiência como jogadora, alguns deles seguem os meus jogos.
Fale-nos um pouco do seu trabalho como treinadora. O que a entusiasma? As dificuldades?
Irina Araújo: Neste momento treino a equipa de traquinas do Grupo Desportivo de Peniche, o que me entusiasma são os miúdos que estão comigo, a evolução de todos a cada treino que fazem, a forma como encaram cada jogo, tenho muito orgulho em todos eles. As maiores dificuldades são mesmo a falta de instalações durante o inverno, não temos um espaço fechado para podermos usar quando chove ou está muito vento o que condiciona em muito o trabalho que se faz com eles. Como são muito pequeninos…quando as condições climatéricas não são boas…eles não vão ao treino.
Como se sente sendo jogadora e treinadora? Treinou os escalões juniores, juvenis, iniciados, benjamins e traquinas e é jogadora do CR Golpilheira. É preciso muita paixão para comportar tamanha responsabilidade?
Irina Araújo: Muita paixão e muito empenho, tenho dias em que só respiro futebol, não é fácil conseguir conciliar tudo, mas quando se faz por gosto… as coisas acontecem naturalmente. São posições distintas, tento transmitir aos jogadores que passam pelas minhas equipas os meus ideais, tento orientar os jogadores para que o grupo funcione e todos consigamos atingir os objetivos pretendidos. Enquanto jogadora tento dar o melhor de mim em prol da minha equipa, dedico-me de corpo e alma em cada jogo para sair com sentimento de dever cumprido.
Para terminar, quer deixar uma palavra aos seguidores do magiadofutsalfeminino?
Irina Araújo: Em primeiro lugar uma palavra para o magiadofutsal, agradecer-vos o empenho, a dedicação e o papel fundamental que desempenham na divulgação do futsal feminino. Aos seguidores, que apoiem as vossas iniciativas porque são eles que vos fazem crescer.
Algumas curiosidades. Permita-nos conhecer um pouco a Irina fora de quatro linhas:
Desporto de eleição: Futsal
Jogar ou treinar: Jogar
Número de eleição: 15
Jogador(a) de referência: Rui Costa
Equipa de referência: C.R. Golpilheira
Superstições: Nos jogos tenho que ser sempre a última jogadora a entrar em campo
Ritual antes dos jogos: Abraçar a minha amiga e capitâ de equipa
Uma música: The Story
Um filme: A casa do lago
Uma série: Dr.House
Um livro: As palavras que nunca te direi
Comida preferida: Lulas Recheadas
Sobremesa preferida: Cheesecake de frutos silvestres
Bebida preferida: Água
Uma qualidade: Lutadora
Um defeito: Teimosia
O que amas: A vida
O que não amas: A mentira
Filosofia de vida: Dos fracos não reza a história
Um sonho: Ser campeã Nacional
Em nome do Magia do Futsal Feminino quero felicita-la pelo seu trabalho e agradecer a sua disponibilidade. Quer deixar alguma palavra aos nossos seguidores?
Irina Araújo: Eu é que agradeço a vossa dedicação e empenho, dando a cara por todos aqueles que amam o futsal, continuem a fazer um trabalho sério e responsável, são uma ferramenta fundamental de divulgação e apoio do futsal feminino. Aos seguidores que continuem apoiem e divulguem o futsal feminino. Obrigada magiadofutsal
Obrigada pela atenção e disponibilidade, Ana Teixeira
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